sexta-feira, março 30

Cinza(s)...



Escuto-te a voz e a melodia nasce-me no peito no corpo que arrepia o ar de fogos nas serras por onde caminho descalça quando te penso água, quando te penso sumo, gelo a derreter-me contigo, quando te imagino a pensares-me mesmo quando não me telefonas, porque o tempo não chega para sequer pensares em ti. Enrosco-me na preguiça, contigo no meu corpo, mesmo a quilómetros de distância, em que o meu perfume apenas te inebria a imaginação do beijo aflorado numa sms.
Noites em que a saudade afogada num bar onde não bebo, me é pele, carne viva, em lume de desespero pela ausência.

Viajo no vento que desordena palavras num coração aceso pela duvida de saber de ti.

Bandos de cegonhas sobrevoam as planícies, onde a erva teima em não crescer e os pastos são palha seca, como seca é a chuva que não cai.
O céu povoa-se de aves que chegam para pernoitarem nos esteiros.

E nesta viagem em que a musica me é companheira e a estrada longa de chegada, a tua imagem recorta-se incerta na minha memória de cores e sorrisos de olhares onde me perco, sempre que te sei em cinzas de cansaço.