quarta-feira, maio 23

Branco


redescubro-te em cada virar de página em branco dos teus olhos onde dançam perguntas que não te posso responder sem que te desenhe um poema de saliva branca nas tuas costas másculas donde escorrem gotas brancas de paixão. rastos do licor abundante branco e almiscarado das palavras brancas de segredos que nãos são só nossos. traço(s) a preto e branco (de) melodias, agonias, sonhos e beijos a duas bocas a dois corpos de almas brancas de tentações vermelho fogo no branco dos lençóis onde o caminho é a entrada numa nova aventura branca de sete cores como as saias rodadas da saudade que trago no peito arredondado pelas tuas mãos brancas de sabedoria experiente de tanto que moldam os meus seios rijos de pele branca onde tacteias às cegas os contornos do meu corpo branco que te aguarda sem saber esperar nas noites em branco em que te espero sem dormir.

sábado, maio 12

Azul


a distância de que fazes ausência deixa-me em sonhos onde entras espreitando-me nua à luz da lua cheia o teu sorriso azul com que me debilitas os sentidos dormentes os dedos nas minhas costas em cócegas delirando excitações na minha cama azul quando abro os lábios ao teu olhar azul que me penetra a pele de seda tingida de azul céu para onde voo direita à casa de música que guardas junto ao peito numa caixa de cristal azul de palavras ternas e cintilantes de uma provocação azul quando chegas ofegante da corrida que é o percurso do gelo no meu corpo e azul a alma que me foge desvairada e louca azul sempre azul cada vez que te penso e te sei dia lago rio mar encharcado de desejo azul nas nuvens claras das manhãs em que me adormeces com a tua voz rouca azul de saliva respirada em suspenso azul o livro que ainda não te dei porque não sabes de mim em ti.