segunda-feira, março 10

PURPLE RAIN



apago dos meus lábios o silêncio ensurdecedor, das esquinas dos dias pardos e lamacentos onde se afogam esgares aflitos pelas dores de alma que me atormentam o olhar.

navego no teu corpo de ave infinita, sempre e mais além, enquanto espero as andorinhas que hão-de fazer ninhos no meu peito.

absorvo-me de metáforas numa oração de murmúrios sussurrados ao teu ouvido de mercador de Veneza. aponto-te o luar das nossas vidas que cai sobre as árvores que hibernam.

sorris-me numa névoa de aroma adocicado. e o cachimbo pousado…


fecho-me dentro de mim.

e de mãos dadas com a tua memória, parto com o anoitecer.

5 comentários:

Anónimo disse...

e olho a tua partida sentado em soleiras talhadas pelas mãos que te afagam o rosto e recebem a lágrima que teima em permanecer na dor de te ver partir...
é teu o horizonte que percorres,enquanto as mesmas metáforas se transformam em lírios do campo e com que te enfeito o cabelo que soltas aos múrmurios que vais dizendo...
quero tanto o teu olhar...

Filipe Campos Melo disse...

Anoiteço neste verso metafórico
Neste murmúrio antigo
Nesta presente memória
Encerrada em mim

Belo

Bjo.

Graça Pires disse...

O anoitecer é propício a todas as partidas e a todas as chegadas. E também à beleza das palavras...
Beijo.

Maria João Mendes disse...

“Apago o olhar”
Onde o sonho navega
“Absorvo, sorris”
Na memória existe sempre espaço
Infinito
Onde com ela “fecho-me de mãos dadas até ao anoitecer…”

Lindo, teu poema
Beijinho

Mar Arável disse...

Palavras em corpo vivo

Bjs