quarta-feira, abril 16

25 de Abril sempre...


De encontro ao teu beijo de lábios de espanto
esquecido no fundo do corpo ao relento,
em alma de gelo, onde um pecador é santo
acende uma chama num coração cinzento.

Escondido no peito, a revolta de outrora
explode em canções e cravos de Abril
o gesto, o olhar a revolução que demora
nesta democracia encapotada, de gente vil.

E eis que num gesto, recordo o teu sangue
a ferver-me na boca de tanto o gritar,
a tentar salvar-nos deste governo infame,
a salvaguardar direitos que nos querem tirar.

Liberdade, pão, paz e dignidade,
trabalho, saúde, educação
em oportunidades, a igualdade
e 25 de Abril  sempre, no coração.


segunda-feira, abril 7

O Vestido Branco




Corpo dourado, bamboleante, firme nos passos e nos pensamentos por adivinhar, enquanto caminha etérea, vaporosa e livre. Cintilante.



Uma frescura que emana do sorriso rubro. Assim as faces, pelos olhares que desperta. Olhares elogiosos vadios de desejo. Olhares de volúpia ansiada. Olhares de ver para lá do vestido branco. O corpo liberto de tudo, num despudor natural de alma renascida. O peito empinado num desafio constante.



Assim o vento que lhe toca os ombros nus numa transparência esvoaçante.
Pernas ágeis, torneadas pelo vestido rodado e solto.



Os cabelos da cor da pele, tingidos pelo mar de Sol em toques quentes de salpicos salgados , amorangados pelos beijos calientes de um Verão sem memórias.



(E é doce a espuma das maçãs que lhe despertam os sentidos. E é inebriante o perfume da música que lhe toca alma. E são suaves as mãos que a despem do vestido branco, num só gesto de despojo de noites de encantar.)



Então, deixa que o corpo se movimente nos ritmos que sabe de cor, mesmo os inventados em cada momento único, assim o homem que a veste de carícias nas madrugadas que são tardes todas as noites.



Mesmo em noites em que a Lua deixou de ser Cheia, iniciando a fase seguinte até o ciclo se completar.


sexta-feira, abril 4

Guerra e(m) Paz





Escreve(r) notas soltas






páginas em branco






morangos doces






amoras silvestres






pranto






perdas de juízo










nublados






os



olhares



rectilíneos










portas fechadas






pedras marcadas










embalas-me na sedução que recusas










casulo de mariposa






airosa a ventania






com que rodas as pás dos moinhos












pão amassado sem sal






sem água






em lágrimas






doces












azevinho quente






terra ardente












molde de barro






em corpo torneado a frio












cântaro sem asa






brasa



nos



caminhos






meus






os






pés






em desalinho












com direcção sem sentido












soldado desconhecido






(meu)






amor perdido.