sábado, fevereiro 22

La Décadanse






e naquele dia o teu olhar foi o princípio do (a)mar desenfreado, em constantes encontros que eram sempre breves. ausência vítrea na capela isolada. corpos vestidos de desejos nus. almas cúmplices de olhares que beijam. fugazes. fugidios. audazes. por vezes incapazes. eutanásia cega de sentidos. morri de pé como os soldados cegos, enganados pela vitória que se misturava com o gás nas trincheiras.

trazes nos cabelos, o vento da minha liberdade inquieta. eco de gritos surdos ou agudos, já nem me lembro bem. apenas te sei devoluto. presente abandonado. não me vês, porque não me olhas. (sor)rio ondulante de secura extrema. árvore tombada de raiz nua. sou ave presa. sou pressa, sou poema que escreveste, na véspera daquele dia.

6 comentários:

Manuel Veiga disse...

"sou ave presa. sou pressa, sou poema que escreveste..."
muito bonito!

gostei muito desse "universo poético" tão bem (d)escrito!

saudações

Canto da Boca disse...


Um poema que nos ata aos cenários descritos e aos sentimentos escancarados nas palavras, que criam vida e nos dá esse nó poético do qual não queremos nos soltar!

Texto Espetacular, como sempre!

Beijo.

:)

Filipe Campos Melo disse...

A tua inquietude poética - bom voltar a este lugar

A.S. disse...

Belissimo!
Os teus textos são inconfundíveis...

Abraço!

A.S. disse...

Muito lindo!
Os teus textos são inconfundíveis...!!

Um beijo!

A.S. disse...

Como sempre...textos deliciosos!

Um beijo...