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quarta-feira, fevereiro 15

Desire


 

Não sei porque razão, os meus lábios abrem janelas de par em par, deixando entrar em passos de dança, sorrisos de memórias.

Metáforas que se fundem na paisagem. E o rosto dele a fixá-la como se ainda a esperasse.

Tanto tempo.

E a vontade de o rever, ouvi-lo, vê-lo perto. Tão perto que o pudesse tocar com a boca.


terça-feira, julho 27

Puisque tu me vois d'en haut


 

Desfoco-me nesta inalação de sol

de água salgada e nudez milagrosa

 

O luar de agosto em julho

orgulho a rimar com saudade

 ou desgosto

Epifania contínua

esguia

esquiva

 

Num somatório de dias solitários

raras as tardes que não anoitecem

e me apunhalam

o ventre dorido de tanto parir dores

 

e eu

quase vazia de ternuras e

 

a-d-o-c-i-c-a-d-o-s

predicados

 

quase vazia de palavras

apenas a música que se insinua

ainda me habita

e este amor amassado pelo abraço distante.


domingo, julho 18

Fly by Night

 



Desenho-te nas ondas

com estes dedos de  marés vivas de espanto

a distância é o lugar onde a saudade se demora

(n)à flor dos lábios

 

o olhar inquieto de todas as interrogações

cem respostas

numa urgência infantil de toques de asas,

como a migração das almas

maceradas pelas cores

[ou beijos?]

 

sorri(s)o  sacro, quando te sinto em mim

i n e q u í v o c o,

como o perfume das manhãs iluminadas, quando chegas.


quinta-feira, abril 28

Pedra da Lua










em Dezembro

as chamas dos olhares gelaram

de fogo insano

as mãos dadas nos caminhos que jurámos percorrer


corpo a corpo de pele na pele


almas que vivem em suspenso nas tríades


notas soltas nos corações desabrigados dum Inverno inconsequente



invento-te em amores ilícitos


paixões eternas que duram enquanto a memória permanece

impura
a neve
do meu d.e.sc.o.n.t.e.n.t.a.m.e.n.t.o

morte anunciada no preludio duma lágrima

vida afugentada pelo sorriso do indigente

ardente a carne viva em primaveras de azul

amo-te quando te esqueço

a
p
a
i
x
o
n
a
d
a
m
e
n
t
e


enfraqueço a fragilidade dos espelhos


que já não (me) reflectem

ouso palavras


gestos r.e.p.e.t.i.d.o.s


afundo-me na terra

e

sou raíz.

domingo, abril 12

ConVento (ou a escolha de Ana)





milagre de flores num vestido branco

hábito

manchado

de sangue puro acontecer

eremita de desejos aprisionados

castos

em celibato virgem


i.n.v.o.l.u.n.t.á.r.i.o


o toque

nus cabelos dourados


coroas de rosas

sem espinhos


caminha descalça de mão dada com a dor


ermida da memória

onde o vento leva as promessas

palavras

na cor do santuário


sim, meu anjo amo-te em cascatas de notas musicais


sorris na distância dos quilómetros que não digo

fotografas monumentos que constróis em nossa honra


arquitecto de amores plurais

onde

sou singular.


As madrugadas são manhãs por acontecer.


Sorrio ao mar que me aguarda


escarpas rasgadas na descida sem retorno

danço ao som do eclipse lunar

solstício de verão a chegar


fecho os olhos, as mãos, a boca

neste caminhar

onde o meu corpo se abre em alma

para o teu entrar.




segunda-feira, março 10

PURPLE RAIN



apago dos meus lábios o silêncio ensurdecedor, das esquinas dos dias pardos e lamacentos onde se afogam esgares aflitos pelas dores de alma que me atormentam o olhar.

navego no teu corpo de ave infinita, sempre e mais além, enquanto espero as andorinhas que hão-de fazer ninhos no meu peito.

absorvo-me de metáforas numa oração de murmúrios sussurrados ao teu ouvido de mercador de Veneza. aponto-te o luar das nossas vidas que cai sobre as árvores que hibernam.

sorris-me numa névoa de aroma adocicado. e o cachimbo pousado…


fecho-me dentro de mim.

e de mãos dadas com a tua memória, parto com o anoitecer.

sábado, novembro 2

So in love



Suspiro-te em tons outonais, quando passas de mansinho esgueirando-te no tempo, os olhos brilhantes pelos beijos roubados, ansiados na distância, tocando ao de leve as pedras da calçada portuguesa, nos dias em que não estamos juntos, a voz de barítono em jogos de sorte que o azar perde, mãos de música que me sangram a língua sempre que o quarto vazio de um hotel é invisível ao sentir do coração esvaído, seiva e olhar escondido, corpo a vibrar. Quente.

Respiro-te no óbvio que evito em deleite de rio bravo a arder devagar, como esta febre esquecida nos lábios escondidos nos cantos das bocas ávidas de perfumes, que são cheiro, mais que aroma, cheiro dos corpos suados de mel e sal. Frio.

Absorvo-te então numa felicidade suave e ritmada que ondulo com os gestos que talvez já não reconheças, nesta certeza de paixão de primeiro instante, paralisando o momento. Morno.


Beijou-lhe as costas. Depois os ombros nus. Só depois a tomou…


quarta-feira, junho 26

Água brava




fios de ouro que o olhar tece na dúvida que desce pelo corpo agora tisnado pelo sol do campo que a praia esquece.
aquece-me de novo nesse fogo singular em que me fazes acreditar que somos plural, nos arremessos de palavras proibidas nos momentos de entrega, troca e fuga. gemidos que são apetite, sede, fome e ardor.

bebo-te na fúria das tardes solidárias em que os dedos vagueiam entre letras e pele.

relembro-te num fascínio guardado num embrulho por oferecer. quantas canções te conheço, com quantas vozes se alimenta de música e cerejas a boca, com que me pintas os lábios rubros de febre de saudade?
a idade? dois algarismos que a matemática vai somando.
sonhando? lutando, remando, de encontro ao teu peito que ainda tem o aroma do meu perfume, quando um dia, por distracção, me aconcheguei no teu, num abraço de nem sim, nem não.

círculos escaldantes onde danço descalça, quando amanheces água pura de todas as fontes.

cabelo de espanto despenteado pelos teus dedos. os mesmos que me emprestas entre sussurros de solidão.

sexta-feira, abril 5

Amar(elo)


água que somos.

             músculos em permanente desafio.
 a poesia escorre pelas faces em lágrimas que desaguam no (a)mar_____elo de gentes.

    sei uma canção com que embalo os dias sem música.
            sei estas notas de p.i.a.n.o. 
    sei o meu coração re__________partido em lugares que nunca fui.
    sei o afogamento da alma em linhas curvas. cíclicas. helicoidais em sangue.
         as mãos e os olhares dos resistentes. 

 é assim para sempre.

       Lusco fusco amarELO meu peito encostado às janelas que insisto em manter fechadas à chuva da tua memória.  [Quem habita assim um corpo, possui por completo a alma do outro]

     Apenas o corpo é pedra quando não ousa. 
   e a alma pássaros que rendilham estrelas de olhares mansos. aventureiros     os medos que se espraiam nos corpos nus. 

       sim... fios de barba inlúcidos, porque ardilosos na sedução. grácil o sorriso com que me envolve no desejo de uma boa tarde.
    sempre a tempo. beijo de hipótese. 
    sentada a uma secretária que me despe... 

   ...soubesse eu inventar mariposas de corações famintos

e  
l
o
s

de

a
m
a
r


sole ed  rama


terça-feira, junho 19

Until We Bleed


debruças-me devagar sobre o parapeito da janela que me traz sons perfumados de nuvens com que me afastas o olhar caído na tua mão cheia de pétalas com que pestanejas sílabas estonteantes num rosário de ópio.

caminho descalça por entre as searas 
e as espigas acariciam o meu peito despido do teu corpo

grita-me baixinho sofismas que arredondem as metáforas que desprezas para que o dia seja céu e mar.
_____________________beijas-me no altar de pedra

e a música é extrema unção sempre que o amor é cor de água benta com que me soltas os cabelos enfermos despenteados e rebeldes ao vento do teu respirar.
(re)pousas em mim o cansaço dos dias inventados sempre que te prometo mais_________________e mais.


e me dou.


quarta-feira, maio 23

Branco


redescubro-te em cada virar de página em branco dos teus olhos onde dançam perguntas que não te posso responder sem que te desenhe um poema de saliva branca nas tuas costas másculas donde escorrem gotas brancas de paixão. rastos do licor abundante branco e almiscarado das palavras brancas de segredos que nãos são só nossos. traço(s) a preto e branco (de) melodias, agonias, sonhos e beijos a duas bocas a dois corpos de almas brancas de tentações vermelho fogo no branco dos lençóis onde o caminho é a entrada numa nova aventura branca de sete cores como as saias rodadas da saudade que trago no peito arredondado pelas tuas mãos brancas de sabedoria experiente de tanto que moldam os meus seios rijos de pele branca onde tacteias às cegas os contornos do meu corpo branco que te aguarda sem saber esperar nas noites em branco em que te espero sem dormir.

sábado, maio 12

Azul


a distância de que fazes ausência deixa-me em sonhos onde entras espreitando-me nua à luz da lua cheia o teu sorriso azul com que me debilitas os sentidos dormentes os dedos nas minhas costas em cócegas delirando excitações na minha cama azul quando abro os lábios ao teu olhar azul que me penetra a pele de seda tingida de azul céu para onde voo direita à casa de música que guardas junto ao peito numa caixa de cristal azul de palavras ternas e cintilantes de uma provocação azul quando chegas ofegante da corrida que é o percurso do gelo no meu corpo e azul a alma que me foge desvairada e louca azul sempre azul cada vez que te penso e te sei dia lago rio mar encharcado de desejo azul nas nuvens claras das manhãs em que me adormeces com a tua voz rouca azul de saliva respirada em suspenso azul o livro que ainda não te dei porque não sabes de mim em ti.

quarta-feira, abril 25

Vermelho(s)



vermelhos os passos que te conduziram na vida ao encontro de nós. cegos de amor. por vezes dor desfolhada em lágrimas de repressão acesa. vermelhos os rios que desagu(av)am nos corações vagabundos. anarquistas vestidos de juventude, fonte de poder de querer e saber. descobrir mãos dadas de ternura. revolução de olhares, de corpos, de cravos. vermelhos. os caminhos de reencontros. vermelhos os ritos do pão que o diabo amassou. fome e guerra de corpos e almas famintas de liberdade. cravar as unhas nos rostos vermelhos pela felicidade interrompida por velhos ócios. vermelhos  a infância colorida de beijos. vermelhos no crescer a caminhar a teu lado, sabor de gritos vermelhos contra a P.I.D.E que quase te levava. luta em todos os tons de vermelho, mesmo quando a minha cor preferida é azul intenso da saudade que me deixaste, pai. e eu aqui de olhos fechados num choro vermelho.

sexta-feira, abril 13

Verde(s)





A galope num cavalo selvagem como o teu sabor. verde(s) olhares com que me tiras a roupa aguada de pressa. o desejo no canto da boca do corpo, sorriso de rio. vazio o  caminho de f(r)ios suores com que me vestes de ti. dou-te a mão. no saber do teu colo a minha flor que é mar. estrela cadente no teu peito em suspiros de sol. terra-mãe, fecunda num respirar de palavras interditas. dança-me meu amor, num rodopiar de valsa enquanto me tomas num tango de vida. a chegada suavizada pela vertigem que é sangue. sou liberdade conquistada segundo-a-segundo numa sedução de música à flor da pele. sou vida e morte. sul-norte. desvario de ti. em mim. sorte? 

quinta-feira, janeiro 12

A pele que há em mim


Foto JFP


fazer deste chão, céu...onde em voos rasantes ao teu corpo de rei, te sussurro afagos de anjo. depois beber-te as palavras que suavizam os sentidos obrigatórios na direcção proibida do meu olhar. coloridas os lábios com que te desassossego as mãos perdidas no meu corpo de água. diáfana nudez de alma pura. diz-me amor, se és meu, com quantas letras se escreve a palavra com que me defino enquanto amparo as tuas lágrimas de resina? quantos traços são precisos para que o esboço com que me desenhas seja tatuado no teu abraço que tarda? és aroma primitivo, sabor a saudade escondida no meu peito, onde respiras devagar para que ninguém saiba que vives debaixo da minha pele. 




sábado, setembro 3

Azrael




Aos teus olhos marejados de pétalas



sou
noiva em flor



vale de lágrimas



cheia de graça




ave




garça




mariposa em flor descarnada



espera adiada



rendada



rendida perdida





a vida ao sabor do tempo em que as cerejas eram o vermelho da boca




bouquet



e as vitórias das lutas rebeldes quando o teu corpo se abria no meu




ao som da musica que compões com os teus dedos de pianista





solista



em seda preparada



nas manhãs submersas de palavras não ditas



escorridas a água



sangue suor sal amor





afasto-me em passo de dança



c.r.i.a.n.ç.a



sorriso____ de____ esperança





a mão de Deus na minha fronte


e


esvai-se a vida no sorriso que te deixo




memórias do que não tivemos



ampara-me na queda em que ascendo aos céus




sou raio de luz musica infinita




morte


sorte


cavalo alado


anjo


cinza e raiz


sou terra mãe árvore mulher


fui feliz.


sexta-feira, agosto 19

My Melody






anima-se o vento sob o teu andar deslizante

imperceptível a poeira do meu olhar

vacilante

enquanto me tomas nos braços

me tomas

em goles ávidos

num

trago

o

ventre rasgado em camuflagens de alma de anjo


tomas-me depois

d.e.v.a.g.a.r


num deguste próprio de um vintage porto

envelhecido em caves de ouro


(a)douro

o teu sorriso

com estas mãos pequenas de brincar à apanhada

calada

no beijo despido que te sopro

de coração partido em pedaços de papel


respirava-te em gotas de chamas


bebia-te as palavras irrequietas

vagabundas

na minha pele

onde ainda escreves discursos


p-a-r-t-i-t-u-r-a-s


musica que compõe(s) (n)o meu corpo

enroscado

nu

teu


melodia que sou

que somos

tu & eu.



domingo, abril 10

F(r)IO de SAL











Diz-me









se souberes









de que cor são os lençóis de linho lavrado a son(h)os









das noites dançantes, cúmplices de nevoeiros









em que as lágrimas toldam as imagens já t(r)emidas









casas de alpendres de madeira com o piano mudo no canto que não entoas









sedas de frio das fitas das bailarinas

















Diz-me









quantas sombras do teu corpo se inclinam sobre o meu









em silêncios que mesmo assim, despertam curiosidades alheias









e sorrisos cúmplices de vizinhas amarguradas pela solidão

















Diz-me









porque é firme a minha carne que insistes em tatuar com o teu olhar









a tinta permanente que fixa as pupilas à cor e pólens a preto e branco









em arrepios de vida, pássaros errantes, lua amaciada









porque é intensa a memória que não te deixa partir









mesmo nos dias em que a boca sabe a sangue de tanto gritar o teu nome









nas noite em que solto gemidos noutro corpo que não o teu.

















Diz-me









se souberes









porque me espreitas sem me chamares









quando passo tardes à janela das árvores que salvo de serem secas por animaizinhos que não vês









porque me recordas em lágrimas, sempre e antes que a noite chegue,









no lusco fusco de retratos a sépia

















e me envolves no manto que é o nosso casulo (outrora edredon de algodão)









até ficarmos sem ar e nos resgatarmos de nós









numa solidão









onde não cabe a vida sem imaginação.



















sexta-feira, março 4

Clarence Greenwood (ou como o azul pode ser verde se olharmos ao contrário)










alimento-me de notas soltas













nas manhãs em que as primaveras são eternas pétalas de cetim









por entre os grãos de areia













(d)os dedos das mãos que já não são













sorrisos













e musicas que me exigem









não sei que afagos

















corpo firme pelas lembranças

















caminho descalça sobre corais









princípio do deserto de lilases









água de olhares cheios













alma nobre









em rugas vi(vi)das

















tocas-me pianissimo









na distância (em) que mantenho









aceso o peito









incandescente de canções





















desliga-se o cérebro









e









a memória esquece-me.