segunda-feira, outubro 20

Sombras [reeditado]


Grisalha a febre da neve que tomba
em geada 
desgrenhada pelas noites de olheiras no corpo amachucado
violado pelas memórias invencíveis

lábios puros de aromas
de pele na pele
ácidas
as palavras

que despem o momento da partida

emoções divididas

r
e
p
a
r
t
i
d
a
s

hino ao amor entoado a cada gesto inacabado
suspenso o coração
galope apressado
beijo olvidado

lembras-me em noites que o dia não permitia

sussurras(-me) letras desordenadas

no meu peito

aberto

ao teu olhar

profundo como o mar

o (meu) amor

por inventar.



quinta-feira, agosto 14

Sombra que o sol me dá...



Descobrir a cor da dor em náuseas que contorcem o corpo por dentro entre o ventre e o peito a arder. nas mãos uma canção muda. a surdez do teu olhar no meu que é cego desde que vomitei o último orgão.

Enrolada no vómito a morrer devagar, invento borboletas de asas pretas.

Sal que o mar bebe das lágrimas que [me] secam a palidez dos dedos em anéis de alianças cruéis.

Escondo o sol nas pálpebras beijadas pelas cigarrilhas. hálito a uísque velho, mais que antigo, assim a paixão que [me] desflora gestos ávidos de uma revolução esquecida.

Jogo de cabra-cega-de onde vens, em círculos tocando o ar bafejado a perfume de sexo tirânico.

Ordenas com um beijo, que me cale. O rio sagrado transborda. E a tua voz é afrodisíaco que as putas usam com os clientes que se [te] seguem.

(desvio o sentido na direcção oposta ao obrigatório e continuo a escrita sobre ti: ''Para te sentires dono de ti, gostas das putas como se fossem amantes submissas, sem a prisão emocional de teres que corresponder a afectos...)