sábado, maio 12

Azul


a distância de que fazes ausência deixa-me em sonhos onde entras espreitando-me nua à luz da lua cheia o teu sorriso azul com que me debilitas os sentidos dormentes os dedos nas minhas costas em cócegas delirando excitações na minha cama azul quando abro os lábios ao teu olhar azul que me penetra a pele de seda tingida de azul céu para onde voo direita à casa de música que guardas junto ao peito numa caixa de cristal azul de palavras ternas e cintilantes de uma provocação azul quando chegas ofegante da corrida que é o percurso do gelo no meu corpo e azul a alma que me foge desvairada e louca azul sempre azul cada vez que te penso e te sei dia lago rio mar encharcado de desejo azul nas nuvens claras das manhãs em que me adormeces com a tua voz rouca azul de saliva respirada em suspenso azul o livro que ainda não te dei porque não sabes de mim em ti.

quarta-feira, abril 25

Vermelho(s)



vermelhos os passos que te conduziram na vida ao encontro de nós. cegos de amor. por vezes dor desfolhada em lágrimas de repressão acesa. vermelhos os rios que desagu(av)am nos corações vagabundos. anarquistas vestidos de juventude, fonte de poder de querer e saber. descobrir mãos dadas de ternura. revolução de olhares, de corpos, de cravos. vermelhos. os caminhos de reencontros. vermelhos os ritos do pão que o diabo amassou. fome e guerra de corpos e almas famintas de liberdade. cravar as unhas nos rostos vermelhos pela felicidade interrompida por velhos ócios. vermelhos  a infância colorida de beijos. vermelhos no crescer a caminhar a teu lado, sabor de gritos vermelhos contra a P.I.D.E que quase te levava. luta em todos os tons de vermelho, mesmo quando a minha cor preferida é azul intenso da saudade que me deixaste, pai. e eu aqui de olhos fechados num choro vermelho.