sexta-feira, dezembro 27

So sensitive



pedras lascadas que nos hão-de cheirar a tempo de transpor todos os limites. preciosos. inequívocos. irrepetíveis & infinitos.

nesse trajecto em que apago dos meus lábios a sede onde morre a inocência dos primeiros rubores.

rubis. nU verde intenso do teu rosto que me fecha os olhos quando murmuras em sussurro, os meus nomes.

sou casca, pele, invólucro, adorno de forma que adormece no encanto dum perfume tacteado, em relevo, cujo paladar é do mesmo amor.

imagino que te alcanço num sabor de baunilha num entardecer crepuscular (só porque não gostas de lusco fusco)


_____________ penso-te meu e basta-me esta posse.

Tocou-lhe mansamente as pálpebras fechadas com os lábios abertos em flor.
Escondeu depois, o rosto nos seios que subiam ao ritmo dum barco à deriva em mar alto.


Só então lhe aqueceu outros beijos nos pulsos amarrados pela incerteza.

sábado, dezembro 7

La scultura





adormecia quase sempre nos momentos inabitáveis do teu sorriso

que tentava apagar, em vão, dos meus lábios

beliscados pela tua saliva que se enxugava segundo a segundo 

nesse rosário de memórias

arrancadas a ferros pelos círculos arredondados nas pontas de estrelas seduzidas pelo proibido _________________________________  que era saber-te o verde doce dos dias que ondulavam em vésperas de tempestades vazias

imortalizada pelo cinzel que me esculturava o colo virginal numa qualquer sala das caves de Belas Artes __________________ Lisboa era então ainda jovem
e o seu luar sempre tão sedutor ________________ suave morrer, quando em mim fixavas o teu olhar. e me tentavas beijar.

e renascer no teu sopro invisível às palavras cantantes do teu italiano siciliano, que eu fingia não entender.

então, dizias que eu podia descansar. e eu pousava o olhar no pedaço de pedra que havia de ter o meu sorriso. e tu dizias sei cosi bella . e eu corava. e tentavas em português amo-te. e eu envergonhada, indecisa, encadeada. mas tu continuavas ti amo hai capito?

e eu fugia...

tanto fugi, que acho que nunca levaste tanto tempo a concluir uma escultura.

(ainda hoje estou para saber, porque adoravas o meu nariz)

Nudez



Amendoeiras em flor
pétalas
em neve nu meu corpo
nu
meu olhar de mel
nu
desacerto dos passos
de dança
ausente
carente
a música
do meu peito
nu
beijo esquecido
nu
lugar vazio
que invento em cada madrugada
jardim proibido
desfolhada
a
neve
que
c
a
i

sobre a memória do espelho que não sei
(atravessei?)
do lado de cá, de lá.

Onde estarei?

Nua
despida de amargura.

Alma quente
neve tremente
o corpo
nu

deserto
de nós cegos
cem laços de ternura.

sábado, novembro 2

So in love



Suspiro-te em tons outonais, quando passas de mansinho esgueirando-te no tempo, os olhos brilhantes pelos beijos roubados, ansiados na distância, tocando ao de leve as pedras da calçada portuguesa, nos dias em que não estamos juntos, a voz de barítono em jogos de sorte que o azar perde, mãos de música que me sangram a língua sempre que o quarto vazio de um hotel é invisível ao sentir do coração esvaído, seiva e olhar escondido, corpo a vibrar. Quente.

Respiro-te no óbvio que evito em deleite de rio bravo a arder devagar, como esta febre esquecida nos lábios escondidos nos cantos das bocas ávidas de perfumes, que são cheiro, mais que aroma, cheiro dos corpos suados de mel e sal. Frio.

Absorvo-te então numa felicidade suave e ritmada que ondulo com os gestos que talvez já não reconheças, nesta certeza de paixão de primeiro instante, paralisando o momento. Morno.


Beijou-lhe as costas. Depois os ombros nus. Só depois a tomou…


quarta-feira, setembro 25

Blood on the rooftops




afogo um soluço na mão que não te dou. olhares que se encontram quando os lábios se esmagam. os teus nos meus, ou nos gestos que se insinuam _________________ escondidos, mordidos. salpicados de sangue, sabor a vermelho quente. de língua. suave e húmida em beijonocéudaboca. ou simples aflorar. perfume de lágrima. seiva ardente. fechada a boca cativa do gostar. parado o corpo. numa angústia de cor antiga.

brilho de iris incandescente __________________ tranco-me por dentro numa tentativa de não. filamento em corrente de ouro. sou lua. sou tua. sou fuga e solidão.

reconheces-me [N]a pele firme onde te demoras. recantos perdidos ou engolidos pela pressa de prazer. dar e receber. música clássica, canção de_Verão. cântico, afinação.  velocidade, perdição. anjo caído. amor erguido no cálice, em oração.

flutuante o meu coração vadio. jamais vazio. por vezes [de] frio.

e ____________ ainda és rio do meu [a]mar.

sexta-feira, agosto 9

Leite amargo



Por vezes és dor. Misturo-te nesse sangue leitoso que cura feridas de  lábios abertos.
Transfusões de sol e arrepios. Percorrendo estradas por onde transparece o desejo a derreter no asfalto acabado de secar. Divido-me ao meio, seduzida pelo proibido, volto a reconstruir-me, sou dobro da divisão. Um simples não e és figos em de_leite no meu peito.

A viagem a terminar e o tempo a inventar horas de cor.

Ofereces-me as tuas palavras e música num altar inquieto onde és piano atrevido, ofertado, mesmo sabendo do meu querer esquecer.
________________ e nos teus olhos as imagens do que não (me) podes ter..


Inundo-me de pele tatuada da tua cor. E sou pauta, página, folha, raiz________________________ do teu amor.

quarta-feira, junho 26

Água brava




fios de ouro que o olhar tece na dúvida que desce pelo corpo agora tisnado pelo sol do campo que a praia esquece.
aquece-me de novo nesse fogo singular em que me fazes acreditar que somos plural, nos arremessos de palavras proibidas nos momentos de entrega, troca e fuga. gemidos que são apetite, sede, fome e ardor.

bebo-te na fúria das tardes solidárias em que os dedos vagueiam entre letras e pele.

relembro-te num fascínio guardado num embrulho por oferecer. quantas canções te conheço, com quantas vozes se alimenta de música e cerejas a boca, com que me pintas os lábios rubros de febre de saudade?
a idade? dois algarismos que a matemática vai somando.
sonhando? lutando, remando, de encontro ao teu peito que ainda tem o aroma do meu perfume, quando um dia, por distracção, me aconcheguei no teu, num abraço de nem sim, nem não.

círculos escaldantes onde danço descalça, quando amanheces água pura de todas as fontes.

cabelo de espanto despenteado pelos teus dedos. os mesmos que me emprestas entre sussurros de solidão.

sexta-feira, abril 5

Amar(elo)


água que somos.

             músculos em permanente desafio.
 a poesia escorre pelas faces em lágrimas que desaguam no (a)mar_____elo de gentes.

    sei uma canção com que embalo os dias sem música.
            sei estas notas de p.i.a.n.o. 
    sei o meu coração re__________partido em lugares que nunca fui.
    sei o afogamento da alma em linhas curvas. cíclicas. helicoidais em sangue.
         as mãos e os olhares dos resistentes. 

 é assim para sempre.

       Lusco fusco amarELO meu peito encostado às janelas que insisto em manter fechadas à chuva da tua memória.  [Quem habita assim um corpo, possui por completo a alma do outro]

     Apenas o corpo é pedra quando não ousa. 
   e a alma pássaros que rendilham estrelas de olhares mansos. aventureiros     os medos que se espraiam nos corpos nus. 

       sim... fios de barba inlúcidos, porque ardilosos na sedução. grácil o sorriso com que me envolve no desejo de uma boa tarde.
    sempre a tempo. beijo de hipótese. 
    sentada a uma secretária que me despe... 

   ...soubesse eu inventar mariposas de corações famintos

e  
l
o
s

de

a
m
a
r


sole ed  rama