quinta-feira, março 10

Trouble

 


Sentada na praia. numa apetência de silêncio. A assistir ao cair da chuva de estrelas moribundas.

Os meus olhos castanhos de sede, vazios de ternuras e palavras. A dor dos lábios. 

Eis que chegas. Já não és o homem, és lobo, cavalo selvagem, céu e florestas.

Sorrio embalada no sonho, acordada.

Emudeci com o teu toque de cetim. Amordaçada pelo teu efeito em mim.

Abracei-te, deixei que me abraçasses, numa viagem de passos rasgados como o teu olhar de luar.

Amámo-nos, sendo tua, sendo plena, as tuas coxas a enlaçarem as minhas, 

num átimo de volúpia e descoberta.


Então ultrapasso as normas.

Rasgo os dias

e sou

a insustentável leveza

da tua vida.

[Em instantes de momentos intensos pelo tempo de atraso.]

segunda-feira, março 7

Substance



Se me estenderes a mão, num sinal de perdão, eu até sou capaz de avançar. Mas o gesto terá de ser teu, se o teu sentir assim o exigir, sem te deixares comandar pelo racional.


Eu nem penso, ainda estou presa num desejo por assumir, em memórias de olhares trocados, ainda sinto as tuas mãos próximas das minhas e o rubor de me adivinhares a não te oferecer resistência e alguma vergonha a atrapalhar-me, ao lembrar a tua boca tão perto da minha, quero pedir-te desculpa mas tu impedes qualquer som, tiras-me o fôlego. E o juízo.