sexta-feira, agosto 19
My Melody
quarta-feira, julho 27
O Canto do Cisne
Crisálidas dementes
-e-n-c-r-espadas
salientes no desespero da liberdade
rasgam-se véus de teias
murcham pétalas
ideias
veneno anil
sol e sal
lamento visceral
putrefacta a alma do poeta maldito.
Sou poema proibido
lago
rio esquecido
mar de lama afrodisíaca
sangue e suor
sou s.u.s.p.i.r.o
(e respiro)
onde te passeias
em voos rasantes
enquanto morro em ti.
quarta-feira, julho 6
L'opéra imaginaire
Rente ao chão
curvada pelo peso do teu amor
entoo cânticos celestiais
dedos riscam as paredes seculares
deixo um traço
passo a passo
de dança de ondas e marés
12 luas de Garbarek
insinuas-te lesto ingénuo e quase infantil
meu anjo
as madrugadas de Abril
habitam em nós em cada vitória que tentamos
vencer a insónia
viver a luta popular sem pedantismo intelectual
actual
a resiliência da juventude adormecida pelos nossos contos de fadas
e as florestas mágicas que percorro encerram mistérios que não desvendo
sorrio ao entardecer da idade com que me ensinas a experiência cáustica do teu existir atribulado
gostava de viver mais devagar
para ter tempo
de ler todos os livros
com que forro as paredes deste lar
pleno de musica e flores silvestres
com que me visto nos dias
em que me visitas no meu leito de amores guardados
aromas inventados
sabores proibidos
e
o teu corpo no meu
como se fosse sempre a primeira vez.
sexta-feira, julho 1
Éter
Adocicado o segredo
domingo, maio 1
While My Guitar Gently Weeps ou uma açucena branca para ti, mãe
domingo, abril 10
F(r)IO de SAL
Diz-me
se souberes
de que cor são os lençóis de linho lavrado a son(h)os
das noites dançantes, cúmplices de nevoeiros
em que as lágrimas toldam as imagens já t(r)emidas
casas de alpendres de madeira com o piano mudo no canto que não entoas
sedas de frio das fitas das bailarinas
Diz-me
quantas sombras do teu corpo se inclinam sobre o meu
em silêncios que mesmo assim, despertam curiosidades alheias
e sorrisos cúmplices de vizinhas amarguradas pela solidão
Diz-me
porque é firme a minha carne que insistes em tatuar com o teu olhar
a tinta permanente que fixa as pupilas à cor e pólens a preto e branco
em arrepios de vida, pássaros errantes, lua amaciada
porque é intensa a memória que não te deixa partir
mesmo nos dias em que a boca sabe a sangue de tanto gritar o teu nome
nas noite em que solto gemidos noutro corpo que não o teu.
Diz-me
se souberes
porque me espreitas sem me chamares
quando passo tardes à janela das árvores que salvo de serem secas por animaizinhos que não vês
porque me recordas em lágrimas, sempre e antes que a noite chegue,
no lusco fusco de retratos a sépia
e me envolves no manto que é o nosso casulo (outrora edredon de algodão)
até ficarmos sem ar e nos resgatarmos de nós
numa solidão
onde não cabe a vida sem imaginação.
quinta-feira, março 17
Lacrimosa
amo(R)
vida
tanto em golfadas de luz na pele dorida às vezes,
outras vezes leite doce sabor materno da infância.
retorno.
sentada
joelhos abraçados pelo futuro que sei.
vómito tóxico.sorriso perene.
árvore de musica em palavras que alegram o dia
nas noite em que o sono se divide em p.a.s.s.a.g.e.m.
marcante,
inovidável
beijo guardado
o tumor é (um)a incerteza baça
os pés de barro são de deuses esculpidos a sangue.
cal que o corpo fermenta. e ausenta.
b.e.i.j.o. sempre na distância dos sabores ácidos do tempo
oração de silêncios... tantos.
eremitas as curvas das calçadas,
plano cincunflexo. genuflectir a sombra. enfeitiçar o sorriso.
aguardo sem saber esperar.
lágrimas de um terço de pérolas.
via sacra dos despojados.
deuses que castigam a indiferença. pulsares de gritos de ave.
sono do profeta
mutilado.
tóxica a indiferença dos dias.retrato a sépia do bloco operatório.
biopsia indefinida. finita a esperança do prelúdio duma lágrima.
dor espasmo.
anestesia diletante.
caio sobre os espinhos das rosas que roubo nos jardins que inventa(S).
mármore o coração de sangue
estival.
Permaneço num cheiro a é.t.e.r.
efémero o sonho. requiem e__________acordo.
és manto na alma da cor das palavras. num refluxo de crisálidas,
manhãs submersas em leitos velados.
Absorves-me em fluídos fugazes.
Esqueço-te num adeus de olhares.
Transpiras-me num cântico final.
E é noite de lua cheia.