Não há flores no meu jardim. Não
se vêem, não se tocam, nem se podem colher.Aromas insuspeitos de uma primavera
indigente.
Perco-me nos cheiros adivinhados.Entro na floresta e sento-me junto ao castanheiro mais antigo.
Levanto-me e tropeço no estalar
de pernadas secas,talvez seja o barulho do meu envelhecer com elas, estas
árvores que me conhecem e amparam lágrimas, que por vezes me empurram para
precipícios de cores vivas, outras vezes me obrigam a ficar em casa, de tanto
que as canso de observar.
Fixas-me o olhar como quem me olha (n)os olhos, a arriscar encurralar emoções,ensaios a tracejado, amor nos reflexos de
esquinas vadias, vazias, aplausos a discursos indirectos,fascínio de noites
intermináveis,de aroma a antigos amantes boémios que ainda (me)percorrem de
desejo.
Tento em pautas de letras imaculadas,gritar à
distância que nos separa,encurtá-la,libertando sopros de suspiros fátuos,enroscando-me
em ti,encaracolada de saudades,com a determinação do dia certo que o meu peito alberga em vigília. Ou
luto.