guarda-me,
no lugar insuspeito onde desaguam desejos em vertigem
onde os pássaros fazem ninhos,
e nós morremos vivos
em memórias de doces frutos amadurecidos.
guarda-me
enquanto exiges
que ignore o caminho dos teus lábios
e eu percorro
avenidas, dunas, soleiras, bares,
em noites soluçantes de chuva invisível.
e, da força que me falta, articulo asas
e, da vontade que não tenho, invento caminhos
sem dores nem queixumes,
nesta primavera de esquecimentos
arredondo sorrisos, invoco deuses e alinho os
astros.
e, no absurdo,
amo-te.