Avenidas Novas. Passei do assombro ao medo. De não reter
as memórias de nós, de mãos dadas.
Bancos de jardim nos passeios, onde pés calçados de
juventude pisam os lugares que já foram nossos.
Sinto-me perdida, não reconheço os sorrisos, há tanto que
estou estremada ao meu lugar solitário.
Horizontes de néons, prédios e gente em que esbarro,
porque correm. E eu quieta a fingir que vejo o mar, enquanto olho o céu.
Entretanto
chego ao lugar- comum de todos os encontros.
Sento-me
a olhar o rio, o caderno preto à espera da mão que tenta acompanhar o pensamento
numa aventura de escrita, letra apressada e indecifrável.
Na outra mão, um uísque velho afogado em amargura decadente.
E permaneço, a fixar o rio até que seja mar.