Foto: CM
Não há flores no meu jardim. Não
se vêem, não se tocam, nem se podem colher. Aromas insuspeitos de uma primavera
indigente.
Perco-me nos cheiros adivinhados.
Entro na floresta e sento-me junto ao castanheiro mais antigo.
Levanto-me e tropeço no estalar
de pernadas secas, talvez seja o barulho do meu envelhecer com elas, estas
árvores que me conhecem e amparam lágrimas, que por vezes me empurram para
precipícios de cores vivas, outras vezes me obrigam a ficar em casa, de tanto
que as canso de observar.