Escrevo-te
no (in)verso do poema onde a solidão de ti me habita,
tu estás lá (estás?)
e, no cetim de um leito que não mereço,
existe o vazio
do sorriso fechado
desenha(n)do no meu corpo pálido,
palavras rotineiras, sacramentais, vazias.
Sentada no banco da Avenida,
abrando o coração acelerado de memórias
hesito no caminho a seguir,
fecho-me por dentro
numa tentativa de verão tardio
nesta espera de abandono, porque nem sei se virás
olhar-me nos olhos e perdoar-me o carácter,
nesta escuridão de silêncio excessivo,
provocador e mastigóforo.
E sem insistência,
a noite tomba nas minhas mãos de ninhos vazios
suspiro, inspiro, respiro enfim.