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terça-feira, junho 15

Johnny & Mary

 


Escrevo-te

no (in)verso do poema onde a solidão de ti me habita,

tu estás lá (estás?)

e, no cetim de um leito que não mereço,

existe o vazio

do sorriso fechado

desenha(n)do no meu corpo pálido,

palavras rotineiras, sacramentais, vazias.

 

Sentada no banco da Avenida,

abrando o coração acelerado de memórias

hesito no caminho a seguir,

fecho-me por dentro

numa tentativa de verão tardio

nesta espera de abandono, porque nem sei se virás

olhar-me nos olhos e perdoar-me o carácter,

nesta escuridão de silêncio excessivo,

provocador e mastigóforo.

 

E sem insistência,

a noite tomba nas minhas mãos de ninhos vazios

suspiro, inspiro, respiro enfim.