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sexta-feira, dezembro 10

Noite 212

 

sabes onde descobrir-me, enrolada em mim, sabes onde fico presa, enredada em teares de seda pura, em sonhos devolutos e madrugadas de abril vermelho, o mesmo das papoilas que baloiçam ao vento que insiste em levar-me, nua, despida com ternura, de mãos cheias de chuva e pele alva de neve azul.

a mesma com que me abraças à distância dum rio cor de mar e musgo.

e então, sorrio à dor que ainda não é morte. talvez sorte. de principiante, mesmo repetente. ausente, dúvida latente. dívida carente. fermento, adubo, presente.

quarta-feira, fevereiro 3

Best is yet to come

 

CM


Confessadamente, não me livrei das tuas palavras. Saber que as arquivei num ficheiro, tão inacessível, como truque para não cair em tentação, faz com que me sinta vitoriosa, ao mesmo tempo que me aconchega a alma, pela falta que me fazes se as quiser reler. Em segredo.

Basta-me lembrá-las, para que te impregnes de novo em mim, em aromas de flores silvestres, exaltando-me as emoções que finjo não sentir.

Como se a imortalidade do tempo, me matasse, aos poucos, esbatendo a tua memória.

E aí está tu, no café dos desencontros, agora estruturados por esta pandemia maldita. Bem à vista, (a)pareces escondido, sem gestos, sem o teu olhar sorridente. Sem mim.

Dói-me o corpo, mas há muito que não é apenas o corpo, é a alma numa falta de ar, do tempo em pausa.

Dá-me um pouco de ti, peço-te, mesmo que em silêncio, traz-me o silêncio para que eu sacie esta sede de ti, que não admito, mas que me vai esgotando, dessecando, fazendo com que me evapore.

Só silêncio e(m) música. Ou algumas palavras tuas.

Para que a noite seja diferente.