adormecia quase sempre nos momentos inabitáveis do teu sorriso
que tentava apagar, em vão, dos meus lábios
beliscados pela tua saliva que se enxugava segundo a segundo
nesse rosário de memórias
arrancadas a ferros pelos círculos arredondados nas pontas
de estrelas seduzidas pelo proibido _________________________________ que era
saber-te o verde doce dos dias que ondulavam em vésperas de tempestades
vazias
imortalizada pelo cinzel que me esculturava o colo virginal numa
qualquer sala das caves de Belas Artes __________________ Lisboa era então ainda
jovem
e o seu luar sempre tão sedutor ________________ suave
morrer, quando em mim fixavas o teu olhar. e me tentavas beijar.
e renascer no teu sopro invisível às palavras cantantes do teu italiano
siciliano, que eu fingia não entender.
então, dizias que eu podia descansar. e eu pousava o olhar
no pedaço de pedra que havia de ter o meu sorriso. e tu dizias sei cosi bella . e eu corava. e tentavas em
português amo-te. e eu envergonhada, indecisa, encadeada. mas tu continuavas ti amo hai capito?
e eu fugia...
tanto fugi, que acho que nunca levaste tanto
tempo a concluir uma escultura.
(ainda hoje estou para saber, porque adoravas o meu nariz)