quarta-feira, junho 26

Dream, Ivory


Ele viu-a passar, de mansinho. De olhos abertos ao lusco fusco do dia, como quem procura pela alma. Viu-a sair para as montanhas que lhe são vida, tão suas, tão longe de si, na imobilidade da pele pálida, massacrada pelas sombras virgens. Na flor do riso aberto ao desejo, ouviu-lhe as palavras, desenhou-a no silêncio que a morte ia por fim em surdina de verbos desencontrados. Em horas e minutos e segundos. O brilho dos corpos envenenados, palavras banais no silêncio perturbador. Sentou-se na soleira, esperando que ela regressasse.


sexta-feira, junho 14

Somewhere tonight


 

À porta do café, permanece [in]quieta, devassa a luz que lhe acende os sentidos.

Lábios gretados pelas palavras novas amordaçadas.

Memórias. São ainda assim as paixões agora com o cabelo deixado crescer, como nos anos 70 e 80. 

Recua aos tempos em que os labirintos eram desafios com destinos sem receios e a liberdade, a soma dos momentos.

Afaga a brisa de uma noite morna. As avenidas estão vazias, num desassossego doloroso.

Os cabelos dourados, presos com um travessão, para que o vento não lhe levante a saia do vestido longo.