visto-me de negro. porque há lutos que
não sei fazer. e o azul sorri-me no atrevimento do veludo que é a tua memória.
sou vida enquanto te sentir sangue a
pulsar no corpo, caminho que respiro, olhar que me leva a casa. florestas que
me aguardam, algumas cinzentas, que antes foram fogo.
hoje tudo parece cinzento, os suspiros,
os soluços, as tonturas e o dia. apesar do tom de alfazema da minha pele.
sucumbo ao cinzento alheio num verbo novo.
perfumado dum veneno que vicia.
as palavras são a intemporalidade da
alma, a crescer devagar. na magia das descobertas…
... recolho, escolho os livrinhos de capa
negra, onde me escrevia por dentro e por fora o cabelo ainda
curto para entrançar e salpicar de fios dourados as tuas mão de príncipe.
o amor
d
e
i
t
a
d
o
numa espera ansiada para se curvar à passagem do meu olhar. que repousa agora.
d
e
i
t
a
d
o
numa espera ansiada para se curvar à passagem do meu olhar. que repousa agora.
rodopio em passos de uma dança
interminável, sempre que a música preenche a cabeça com o invisível das
memórias dos cheiros.
ousei inventar outras sonoridades com que
saboreio os dias, em que estás longe.
à medida que caminho, escondo o cinzento
dos quadros pintados à chuva, num apetite de caos e adormeço-me.
E antes
que a noite chegue tens de ficar comigo.
6 comentários:
Seja lá como for
há cinzentos com cor
A eternidade na memória dos sentimentos, envoltos em veludo azul... Lindo, como sempre, Ana!
Beijo!
;))
és vida sim,
mas também palavras ditas,
pensadas, desejadas
palavras só talvez...
leio-te e afasto o cinzento...
quero-te em alfazema, sem vício,
no desejo que sinto
e na magia que ofereces
em cada poesia que nos dás...
grato por mais este belo texto... Beijos
Antes que a noite chegue, em seus cinzentos negros, em suas cinzas obscuras,
Antes que o fogo invada o tempo,
queimando todas as respirações,
destruindo todas as esperas,
Há ainda, amor, amor
Há ainda um interminável verso-memória,
Há ainda um poema por escrever
(...)
Tua poesia sempre me toca
Este, em especial, é um poema comovente
Bjo. grande e amigo
Tudo o que escreves me encanta, minha doce Anamar...
Tudo o que escreves traduz o colorido da tua alma e a força das tuas palavras: "Azuis"
Beijinhos com muito carinho da
Cristina
Respira todas as tonalidades do cinzento antes que anoiteça. Gostei do texto, muito original.
Beijos.
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