quinta-feira, agosto 14

Sombra que o sol me dá...



Descobrir a cor da dor em náuseas que contorcem o corpo por dentro entre o ventre e o peito a arder. nas mãos uma canção muda. a surdez do teu olhar no meu que é cego desde que vomitei o último orgão.

Enrolada no vómito a morrer devagar, invento borboletas de asas pretas.

Sal que o mar bebe das lágrimas que [me] secam a palidez dos dedos em anéis de alianças cruéis.

Escondo o sol nas pálpebras beijadas pelas cigarrilhas. hálito a uísque velho, mais que antigo, assim a paixão que [me] desflora gestos ávidos de uma revolução esquecida.

Jogo de cabra-cega-de onde vens, em círculos tocando o ar bafejado a perfume de sexo tirânico.

Ordenas com um beijo, que me cale. O rio sagrado transborda. E a tua voz é afrodisíaco que as putas usam com os clientes que se [te] seguem.

(desvio o sentido na direcção oposta ao obrigatório e continuo a escrita sobre ti: ''Para te sentires dono de ti, gostas das putas como se fossem amantes submissas, sem a prisão emocional de teres que corresponder a afectos...)

5 comentários:

Filipe Campos Melo disse...

Descobrir o sentido adverso do verso
Escrevendo a muda negrura de uma náusea frase
que, entre linhas, nos contorce

Inquietante mas com o teu traço sempre irrecusável

Graça Pires disse...

"a morrer devagar, invento borboletas de asas pretas." Tão belo, este texto, mas tão cheio de palavras inquietas...
Um beijo.

Mar Arável disse...

Estamos sempre a desnascer

no ciclo das marés
que se alevantam

Anónimo disse...

Quatro meses sem escrever.
Que pena AnaMar.
Os meus votos vão para o seu regresso à escrita neste blogue em 2015.
Cá a espero. Beijo Grande

Anónimo disse...

é assim...tal como disse :-)