quinta-feira, abril 28

Pedra da Lua










em Dezembro

as chamas dos olhares gelaram

de fogo insano

as mãos dadas nos caminhos que jurámos percorrer


corpo a corpo de pele na pele


almas que vivem em suspenso nas tríades


notas soltas nos corações desabrigados dum Inverno inconsequente



invento-te em amores ilícitos


paixões eternas que duram enquanto a memória permanece

impura
a neve
do meu d.e.sc.o.n.t.e.n.t.a.m.e.n.t.o

morte anunciada no preludio duma lágrima

vida afugentada pelo sorriso do indigente

ardente a carne viva em primaveras de azul

amo-te quando te esqueço

a
p
a
i
x
o
n
a
d
a
m
e
n
t
e


enfraqueço a fragilidade dos espelhos


que já não (me) reflectem

ouso palavras


gestos r.e.p.e.t.i.d.o.s


afundo-me na terra

e

sou raíz.

19 comentários:

Mar Arável disse...

Ao longe

cruzam-se os barcos

no chão

Fernando Santos (Chana) disse...

Olá, belo texto...Espectacular....
Cumprimentos

A.S. disse...

Súbito, em nós tudo se confunde,
somos um só pássaro, um só rumo, o mesmo vôo...
Conjugação a dois do mesmo verbo
alcançando o êxtase...

Beijos...
AL

mfc disse...

O desejo é cândido, porque verdadeiro.

manuela baptista disse...

enraizadamente espelhado

aluado!

um abraço

manuela

Anónimo disse...

Acho o poema muito bem estruturado e cheio de sabedoria sobre a paixão, os seus fluxos e refluxos.
Atrever-me-ia a achar a forma como o poema está apresentado como se de uma árvore se tratasse.
Exagero?
Excedo-me?

Bjs, Anamar
Obrigado pela visita ao «Guizo»

Anónimo disse...

Belíssimo!... Um poema que se estende pela plasticidade da mancha gráfica que complementa o significado da mensagem.

M.G.

Filipe Campos Melo disse...

frágil o reflexo do retorno
à origem
como raiz,
como principio de esquecimento
(apaixonado)
como semente que se prende à terra
(em mãos)
como alma suspensa que aguarda
A palavra
que invento, entre pontos e virgulas
em formas desconformes,
enquanto vida

Um prazer imenso te ler
Tua poesia é Grande

Bjo.

sérgio figueiredo disse...

paixão, desejo, palavras e poesia...

a cólera sem cura num estado de louca bravura.

que assim seja... estás viva.

. intemporal . disse...

.

.

. a.dezembra.se por ora a memória de um suspiro de dentro .

.

. do húmus profundo a palavra é então raiz .

.

. um beijo meu .

.

. um bom fim.de.semana .

.

.

yaraeosol - yaralm disse...

Sou nova no Blogger... passei por esse espaço e gostei muito!
Meus cumprimentos,

yara

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

amo-te quando te esqueço...

pertinente!

boa semana!

beij

JOAQUINA VIEIRA disse...

Poesia, pura magia..
no coração da mulher
é a lua que nos guia
é o sol que nos quer...
Gostei do seu texto. Lindo..

Aqui lhe deixo este
pequeno trocadilho..

Onde te escondes meu sol,
Diz-me qual o segredo da lua?
A alma manifesta-se,
Mesmo na contingência
Do encontro entre o Sol e lua,

Um abraço, joaquina

Anónimo disse...

E na Primavera vais florescer!

Beijos meus

Nilson Barcelli disse...

Belíssimo poema.
Na forma e no conteúdo. Gostei imenso.
Querida amiga, desejo-te uma boa semana.
Beijos.

A.S. disse...

Nos teus lábios de água, sinto a sede do fogo...

Beijos meus,
AL

Canto da Boca disse...

Eu não ouso dizer nada além do que o poema me afunda em mim mesma, com choros de todos os amores, inclusive os "ilícitos", acaso o amor pode ser ilícito?

Beijos!!

Anónimo disse...

Boa Noite!!

Os meus rapazes gostam de escrever umas coisas, na são lá muito espertos mas quando bebem umas minis com a malta parecem padres a dizer orações! Passa pelo "Línguas de Pintassilgo" e deixa o teu bitaite..

"Vou dormir, até amanhã"

Anónimo disse...

E o pássaros levam, e trazem amores soltos aos coraçoes que pedem entao conforto, numa brisa pautada de eternas memórias.
Primavera nao de azul, mas de um arco íris, fazendo a ponte entre amores, espaços, flores, ventos ausentes.
Numa lembrança,
Numa fragilidade,
Num afagar....
asim as raízes
de uma árvore no decerto.

- sonho de palavras-