sexta-feira, julho 18

Kiss

 

Amor, tantas vezes amor em ti, no sangue que faz emergir os sulcos gravados das curvas onde me apertas. Exijo mais, mais dor colada a mim, presa na agitação quase insuportável de todo o veludo que me devora por dentro.

quinta-feira, maio 1

Hide in your shell


 

Partiste cedo demais, meu menino de ouro. E o mundo perdeu o brilho no momento em que a tua respiração se extinguiu.

Uma dor dilacera (-nos) a alma e o luto veste os corações de uma cor que não reconheço.

A tua lembrança é eco de lágrimas e saudade. Mas também de luz e do teu sorriso nas palavras não ditas.

A vida sem ti é um caminho vazio, onde o riso perdeu o rumo.

Serás sempre presença, eterno amor na forma de ausência.

 

Neste silêncio tão cheio de ti,  dou-te colo e abraço-te.


quarta-feira, abril 23

Nobody Lives Here

 



A boca fechada, como as mãos que tapam os olhos, para que a dor não c(h)egue.

Entre gestos contidos, pairam no ar palavras indigentes. 

Suspende-se o tempo, como se o mundo esperasse  uma resposta.

Foi então que ele chegou e a agarrou pelas ancas, beijando-a até lhe chegar à alma.


quinta-feira, abril 3

Before

 



E o mutismo.

Na parte oca das reticências onde tudo se prevê mais intenso, por não se ouvir, não se conhecer a certeza, a segurança do que se percebe.

Silêncio, devaneio que deseja que lhe (não) digas. 

Mutismo.

Aflorar  da tua boca, a conjugar o verbo.



quarta-feira, abril 2

Slave to love


 Foto: CM

Desejo. 

Tanto desejo dele, do toque que  lhe deixa sulcos vincados nas curvas que a envolvem. 

Exije mais, mais dor, dor que lhe fique próxima, fustigada na convulsão mal suportada, de tanto veludo que a consome por dentro.

quinta-feira, fevereiro 27

Someone Like You



O amor tem cheiro?
O olhar a vaguear no espírito dos pássaros.
Em câmera lenta, memórias dormentes.
E sempre que te escrevo ou te leio, desperto. 



 

quarta-feira, junho 26

Dream, Ivory


Ele viu-a passar, de mansinho. De olhos abertos ao lusco fusco do dia, como quem procura pela alma. Viu-a sair para as montanhas que lhe são vida, tão suas, tão longe de si, na imobilidade da pele pálida, massacrada pelas sombras virgens. Na flor do riso aberto ao desejo, ouviu-lhe as palavras, desenhou-a no silêncio que a morte ia por fim em surdina de verbos desencontrados. Em horas e minutos e segundos. O brilho dos corpos envenenados, palavras banais no silêncio perturbador. Sentou-se na soleira, esperando que ela regressasse.