Abriu
a carta, de olhos aguados e a pele gasta, encolheu os ombros, num estado de
inquietação, esperando a última hora.
Sumarentas
marcas indeléveis em labirintos dissimulados, enroladas em destinos escritos, gemidos em vez de ser, feitos pudores. Ou altares.
Deixou-se
molhar pelos contornos de um orvalho disforme,
então fragmentos duma serenidade
ansiada, com todos os nadas inteiros, adornados na alma.
E
naquela provocação, sedução, a espera era quieta, cristal infalível.
E rendi-me,
rendada.
Dói-me
o coração, iluminam-se janelas num torpor imoral, a parecer poesia com aroma de
cigarrilhas.
Tenho a pele salgada de palavras desenhadas nos muros par[a]dos.
Uns arrepios indiscretos, o lu[g]ar vazio.
I-m-a-g-i-n-o.
E
enterro o tédio num gole de cerveja, com promessas dobradas em ladrilhos de luz
néon.
Subitamente,
a vida segue de mansinho.
6 comentários:
render-me ás rendas
enquanto, lá fora, o tempo prossegue - memória
um esplendor gráfico
um torpor imoral
e a tua, sempre bela, poesia
Bjo.
cada palavra que escreves tem o sabor a amor(as) silvestre(s) que nasce(m) no campo molhado pelo orvalho da manhã.
é tão bom ler-te.
Um texto excelente.
A vida segue de mansinho. Apesar de tudo...
Um beijo.
Um gole de cerveja pode só trazer promessas mas é um tempo que se dá a vida para lhe vermos o caminho
Apago os olhares
para ficar a sós contigo
no suspiro que nos leva
sem destino...
Beijos!
AL
poderia dizer aquilo que me ocorre
poderia até engendrar um poema ou
qualquer ficção barata
poderia dizer isto é muito bom
brincar com as palavras em estado de inquietação, esperando um torpor imoral.
poderia mas não quero...direi apenas bom dia. bom dia.
Enviar um comentário