sexta-feira, fevereiro 6

I Don't Think About You Anymore But, I Don't Think About You Anyless




Abriu a carta, de olhos aguados e a pele gasta, encolheu os ombros, num estado de inquietação,  esperando a última hora.

Sumarentas marcas indeléveis em labirintos dissimulados, enroladas em destinos escritos, gemidos em vez de ser,  feitos pudores. Ou altares.

Deixou-se molhar pelos contornos de um  orvalho disforme, então fragmentos duma  serenidade ansiada, com todos os nadas inteiros, adornados na alma.


E naquela provocação, sedução, a espera era quieta, cristal infalível. 
E rendi-me, rendada.

Dói-me o coração, iluminam-se janelas num torpor imoral, a parecer poesia com aroma de cigarrilhas. 

Tenho a pele salgada de palavras desenhadas nos muros par[a]dos. Uns arrepios indiscretos, o lu[g]ar vazio.

I-m-a-g-i-n-o.

E enterro o tédio num gole de cerveja, com promessas dobradas em ladrilhos de luz néon.

Subitamente, a vida segue de mansinho.

6 comentários:

Filipe Campos Melo disse...

render-me ás rendas
enquanto, lá fora, o tempo prossegue - memória

um esplendor gráfico
um torpor imoral

e a tua, sempre bela, poesia

Bjo.

Anónimo disse...

cada palavra que escreves tem o sabor a amor(as) silvestre(s) que nasce(m) no campo molhado pelo orvalho da manhã.
é tão bom ler-te.

Graça Pires disse...

Um texto excelente.
A vida segue de mansinho. Apesar de tudo...
Um beijo.

Teresa Durães disse...

Um gole de cerveja pode só trazer promessas mas é um tempo que se dá a vida para lhe vermos o caminho

A.S. disse...

Apago os olhares
para ficar a sós contigo
no suspiro que nos leva
sem destino...

Beijos!
AL

Anónimo disse...

poderia dizer aquilo que me ocorre
poderia até engendrar um poema ou
qualquer ficção barata
poderia dizer isto é muito bom
brincar com as palavras em estado de inquietação, esperando um torpor imoral.
poderia mas não quero...direi apenas bom dia. bom dia.