segunda-feira, outubro 25

Nine Million Bicycles

 



Ainda guardo junto ao peito afagado pelas flores 

que desabrocham durante a noite,

parte de ti.

 

Letras que leio de olhos abertos

desenhadas sob a pele,

num ondular de ancas que só tem fim

quando a manhã chega.

 

Confesso, sem arrependimento

as saudades

que o vento não leva.

 

E vou, despida de sons

e num suspiro,

em que me deixo asfixiar

ligeiramente,

para intensificar promessas

que já nada significam.

 

E continuo em fuga, desde que te foste. Ou fui eu que parti?

sábado, outubro 23

The wisp sings


 Resgatas-me.

 

E irrompem devagar, sem avisar as saudades, que já não sei, se minhas, se tuas.

 

Sobem, como mãos impacientes, ferventes, deixando uma marca a ferro quente no meu peito. 

 

Prendem-me a alma, balançam-na, atiram-na de encontro às memórias que afinal ainda me lembram de ti. 

 

Colam-se à pele, essas saudades, a florir olhares, enquanto beijas o meu rosto, e me desabotoas, devagar, numa vertigem nocturna.

 

Viajamosos para outro tempo, para outro lugar, dimensões que eternizamos, só nossas.


E irrompem devagar, sem avisar as saudades, que já não sei, se minhas, se tuas.

quinta-feira, outubro 21

Iris

 



Não foi o olhar que evitou o meu, foi o murmúrio de uma sedução adocicada, quando eu cheguei, atrasada, desencontrada, despenteada, meia perdida. 

Envergonhada.


Senti-me num filme em realidade paralela, e noutra dimensão  para além da liquidez dos sentidos. Encurtei conversas, partilhei segredos, até recear ter falado demais. Fez-me doer. Especialmente quando o silêncio me causou vertigens num reflexo onde ainda hoje não me consigo ver.

Senti-me a arder pela ausência de momentos tão longos de silêncio.

Depois uma distânciaque é mágoa inapelável, num labirinto de pálpebras fechadas onde me deito sem dormir.


A morrer-me aos poucos, em desmaios consecutivos… 

sexta-feira, outubro 15

I love your way



 

Escuto o Outono em brandos olhares, 

as minhas mãos nas tuas para sempre enquanto durar,

em sonho de inércia vencida,

ruas que são florestas que ousei percorrer

como aventura, despida de folhas.


E o amor é,

aroma vitória

química e física

onde as leis são troca de corpos e almas a tocar corações em uníssono,

como esta corrida de letras sem fim,

ou nexo

numa catarse habitual de música e cores

reactivas

subversivas,

interacção crepuscular

bruma ousada,

espaços vazios,

quando chove em mim.


E eu sorrio

mesmo quando não sei de ti.

terça-feira, outubro 12

Upside down (Ler também debaixo para cima, please)


 


A meia luz do amanhecer confidencio-te silêncios lavrados

das incertezas inequívocas,

o aroma do voo linear dos pássaros,

no resgate infindável da memória com que te esqueço

[num]

devagar

vagamente doloroso,

como se as árvores me fizessem umbigo da terra _____________________

embalando-me a alma obscura

numa oferta de música,

e água fresca

no desalinho malicioso de fogo posto.


segunda-feira, outubro 11

Deixa me olhar

 

Foto: CM

Corpo aceso pelos teus dedos em orgásticos gemidos os olhares que se t(r)ocam.

Absorvo-te. 

O deslizar das tuas mãos pelo solfejo da pele que desenha horizontes

 _______________ inatingíveis na memória das tardes,

soletradas de trás para a frente para ninguém entender

 ___________ os desenhos que te faço sem entrelinhas de vida dispersa

 e incompreensível,

quando fujo de tudo à pressa sem olhar,

para ficar só

com a imaginação

distante do [a]mar

que me basta.


terça-feira, setembro 21

I'm In Love With


 Prenúncio aniquilado pelos dias

de beijos ,

que não cabem na minha boca

de tanto os segurar,

em sombras iluminadas pela nudez da noite

caída a meus pés, 

como a tua memória sombria,

imaculada,

lapidada,

pelo instante moldado pelo tempo

como corpo (s)em alma

errante,

o dia a dia de silêncio

em que viva,

morro.