De saudade?
Todos os dias, de olhos
rasgados pelas feridas que não cicatrizam, se
esvai em sangue, o corpo dobrado em náuseas violentas, dores internas
vomitadas, num
início de viagem que a transporta para outro universo.
É de chumbo, a falsa sensação de
leveza. A inconstância dos passos levou-a até
lá, ao lugar dos olhos húmidos,
deixando-a ficar adormecida nas memórias dos abraços.
Tanto tempo. Tanto. E nem mesmo assim, tentou secar os
olhos dela com as suas mãos de abandono de despedidas disfarçadas.
Naquele fim de tarde, ela
finalmente chorou, afAgando-o numa incerta precisão.
Ficaram alguns minutos naquele contacto visual, a trincar os cubos de gelo, mas era mais o vidro fino do copo que ela sentia a entrar-lhe na boca, do que o líquido.
Toco-te.
Seiva arrepiada no toque das
palavras.
EU disse FICA. Acho que TU não ouviste.
Ficámos a tomar a
nossa cerveja. Estupidamente gelada.
E mais nada. Nunca mais.
.
4 comentários:
Apesar da cerveja estupidamente gelada,
um poema discreto acontecia,
as palavras saiam das mãos
e tocavam-se, ambiciosas e íntimas.
Eram às vezes fogo de um momento,
poema de um só instante...
outras vezes eram a mais intensa luz,
fogo onde tudo ardia.
E assim ia sendo poema dia a dia!...
Beijos
A.S. obrigada, o teu comentário é um poema :-)
Beijinhos
Nunca digas: nunca.
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